Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Efeitos metabólicos a longo prazo do uso de adoçantes não nutritivos.

Adoçante dietético líquido, Sucralose.

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Descrição do Produto:

Será feita a análise do adoçante dietético líquido de sucralose da marca Linea, como produto representativo dos adoçantes não nutritivos. O produto é um líquido transparente. Seu preço está em torno de R$10,00 por 75mL.
Ele possuí quantidade desconsiveráveis de calorias e mesmo assim seu uso à longo prazo não tem demonstrado eficácia no processo de emagrecimento.


Fundamentos bromatológicos:

Ingredientes do produto: água, edulcorantes artificiais: sucralose e acesulfame de potássio, espessante carboximetilcelulose, conservante benzoato de sódio e acidulante ácido cítrico.
De acordo com a Informação nutricional, em uma porção de 3 gotas (0,2 mL) não há valores detectáveis de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras ou sódio. 
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A sucralose é uma molécula sintética derivada da sacarose, porém ela não é pouco metabolizada (20 a 30%) pelo organismo humano, portanto não possui calorias.7 A sucralose é cerca de 320 a 1000 vezes mais doce que a sacarose.7 Além disso, é estável sob aquecimento e em diversas faixas de pH, o que permite sua utilização em diversos produtos processados, garantindo um maior tempo de prateleira.
O acesulfame de potássio também é um adoçante artificial cerca de 200 vezes mais doce que a sacarose e normalmente é usado em misturas como outros adoçantes, normalmente sucralose ou aspartame, com efeitos sinérgicos na potência da doçura.  Assim como a sucralose, apresenta boa estabilidade sob aquecimento e em pHs moderadamente ácidos ou básicos. O Acesulfame de potássio é um dos adoçantes que pode ser usado por pacientes com diabetes do tipo 1 já que não afeta a glicemia, porém seu uso também está associado ao aumento de peso e um maior risco de desenvolvimento de diabetes do tipo 2.

Legislação:

De acordo com a Portaria nº 29, de 13 de janeiro de 1998 da ANVISA que regula os Alimentos para Fins Especiais, estes são definidos como: “São os alimentos especialmente formulados ou processados, nos quais se introduzem modificações no conteúdo de nutrientes, adequados à utilização em dietas, diferenciadas e ou opcionais, atendendo às necessidades de pessoas em condições metabólicas e fisiológicas específicas. ”

Dessa forma os adoçantes dietéticos se enquadram nas classificações:
·         2.2.1.a – Alimentos para dietas com restrição de carboidratos;
·         2.2.2.a Alimentos para controle de peso;
·         2.2.2.d Alimentos para dietas de ingestão controlada de açúcares;
·         2.2.3.f Alimentos para grupos populacionais específicos (Diabéticos).

            Segundo as Características de Composição e Qualidade os Adoçantes Dietéticos são formulados para dietas com restrição de sacarose, frutose ou glicose, portanto essas moléculas não podem ser utilizadas na formulação desses produtos.
            Para fins de registro, alimentos classificados no item 2.2.3.f devem apresentar comprovação técnico-científica da eficácia da adequação para a finalidade a que se propõem, acrescidos da proposta de Padrão de Identidade e Qualidade (PIQ), para que sejam avaliados pelo órgão competente, além da indicação da metodologia analítica utilizada pela empresa para dosagem do(s) componente(s) ligado(s) ao(s) atributo(s).
            Além disso, o rótulo deve conter a orientação: "Consumir preferencialmente sob orientação nutricional ou médico".
           
            Adicionalmente a Resolução RDC nº 18, de 24 de março de 2008 regula o uso e os limites máximos de aditivos edulcorantes em alimento. Nessa resolução estão descritos os alimentos e os limites máximos de diversos adoçantes, inclusive o acesulfame de potássio e a sucralose.
       
Discussão e Conclusão

A obesidade é um problema mundial de saúde pública que vem aumentando vertiginosamente nos últimos anos e está associada a problemas cardiovasculares e diabetes do tipo 2.¹ Diversas evidências mostram que o consumo crescente de açúcar está associado a essa epidemia.²,³ Dessa forma, o uso de adoçantes não nutritivos é uma alternativa aos adoçantes calóricos como forma de diminuir a ingesta calórica sem abrir mão do sabor adocicado, proporcionando assim o aumento do seu consumo.4
Paradoxalmente, cresce o número de evidências mostrando que seu uso não está associado à diminuição do índice de massa corporal e sim ao aumento de peso, circunferência abdominal, síndrome metabólica, diabetes do tipo 2 e eventos cardiovasculares à longo prazo.5,6 Os motivos que levam a esses resultados podem estar associados às características intrínsecas dessas moléculas ou então à falta de controle dietário proporcionada pela sensação de consumo reduzido de calorias.
          Apesar de apresentar perfis de eficácia e segurança aceitáveis a curto prazo, o uso desses adoçantes em diversos produtos faz com que uma grande parcela da população os consuma sem orientação ou controle. Isso gera um risco considerável visto que seus efeitos a longo prazo ainda não estão bem estabelecidos.
            De qualquer forma, em termos legislativos esses produtos estão dentro dos padrões estabelecidos.

REFERÊNCIAS:

1.       Ng M,  Fleming T,  Robinson M,  et al . Global, regional, and national prevalence of overweight and obesity in children and adults during 1980–2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013. Lancet 2014;384:766–81. 
2.       Johnson RK,  Appel LJ,  Brands Met al. Dietary sugars intake and cardiovascular health: a scientific statement from the American Heart Association.Circulation 2009;120:1011–20.
3.       Siervo M, Montagnese C,  Mathers JC, et al. Sugar consumption and global prevalence of obesity and hypertension: an ecological analysis. Public Health Nutr2014;17:587–96.
4.       Sylvetsky AC,  Rother KI. Trends in the consumption of low-calorie sweeteners.Physiol Behav 2016;164(Pt B):446–50. 
5.       Azad MB, et al. Nonnutritive sweeteners and cardiometabolic health: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials and prospective cohort studies. CMAJ. 2017; 189(28):E929-E939. doi: 10.1503/cmaj.161390
6.       Swithers SE. Artificial sweeteners produce the counterintuitive effect of inducing metabolic derangements. Trends Endocrinol Metab 2013;24:431–41.
7.       Michael A. Friedman, Lead Deputy Commissioner for the FDA, Food Additives Permitted for Direct Addition to Food for Human Consumption; Sucralose Federal Register: 21 CFR Part 172, Docket No. 87F-0086, April 3, 1998
8.       Dewinter, Louise; Casteels, Kristina; Corthouts, Karen; Van de Kerckhove, Kristel; Van der Vaerent, Katrien; Vanmeerbeeck, Kelly; Matthys, Christophe. Dietary intake of non-nutritive sweeteners in type 1 diabetes mellitus children Food additives contaminants. Part A.Chemistry, analysis, control, exposure risk assessment, 2015, 33, 1, 1-8, Taylor Francis, ENGLAND
9.       PORTARIA Nº 29, DE 13 DE JANEIRO DE 1998 - http://portal.anvisa.gov.br/documents/33916/394219/PORTARIA_29_1998.pdf/49240642-4002-48f4-8213-a1b74aa4bd32 . Acesso em 24/10/2017

7 comentários:

  1. "UM PERIGO CHAMADO SUCRALOSE", este é o título utilizado pelo Dr. Victor Sorrentino em seu sítio pessoal na internet. Segundo suas referências, substância altera os microrganismos da flora intestinal, também é citado pesquisas de professores da UNICAMP, esta diz que a sucralose em contato com bebidas quentes, aquecidas a cerca de 90ºC, liberam substâncias tóxicas, dentre estas há presença de HPAs (Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos) que são cancerígenos.
    A principal alternativa recomendada seria a substituição pelo adoçante originado da Estévia.
    REFERENCIA:https://drvictorsorrentino.com.br/um-perigo-chamado-sucralose/

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  2. Em 2015 pesquisadores da Unicamp avaliaram potenciais riscos à saúde relacionados ao uso de adoçantes, dentre eles a sucralose, adoçante não nutritivo. O estudo demonstrou que ao ser usada em alimentos aquecidos como chás, cafés e bolos, a molécula da sucralose fica instável quimicamente. O aquecimento provoca reorganização na molécula liberando hidrocarbonetos policíclicos aromáticos clorados (HPACs) que são potencialmente cancerígenos. HPACs são detectados na fumaça gerada a partir da queima de combustíveis fósseis e estão associados à incidência de diversos tipos de câncer em seres humanos.
    Outros adoçantes não nutritivos envolvidos em estudos de riscos à saúde são o ciclamato e a sacarina. O ciclamato pode ser convertido em ciclohexilamina, molécula conhecidamente carcinogênica, dependendo da flora intestinal e características fisiológicas do consumidor. A sacarina foi retirada do mercado entre os anos de 1972 e 1991 nos EUA por causar câncer na bexiga de ratos durante ensaios clínicos.

    Sarah Rosa da Silva Pontes do Nascimento

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  4. Priscilla Messeder

    Ainda que muitos acreditem fazer uma boa troca aos substituirem o açúcar pelo adoçante, vale ressaltar que está troca só deve ser feita, naqueles casos onde o paciente deve manter total restrição quanto a ingestão de açúcar. Pessoas saudáveis e que não necessitam de dietas especiais, não precisam fazer o uso de adoçantes. Sua ingestão só é necessária para pacientes que precisam restringir o açúcar da alimentação como o caso de Diabéticos. Basta mudar os hábitos alimentares, comendo produtos in natura, como sucos de frutas. Mudar este hábito pode demandar tempo e dedicação, porém é a escolha mais saudável. Ainda que esses produtos sejam amplamente comercializados e consumidos, devemos nos atentar para os riscos envolvidos na ingestão a longo prazo de qualquer produto químico

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  5. Apesar das promessas dos rótulos, produtos diets podem levar exatamente ao oposto do que se pretende.
    Ao substituir um alimento tradicional, por exemplo, por um alimento diet, pode fazer com que se consuma o dobro do que normalmente se consumiria – exatamente pela falsa impressão de se tratar de uma opção “mais saudável”.
    E, mais importante, é entender que a falta desse componente precisará ser sanada ou substituída com algum outro componente para que o alimento mantenha as mesmas propriedades e sabor similar.
    O substituto, por sua vez, é tão prejudicial para o corpo quanto o componente que foi retirado da fórmula.
    No caso dos produtos diet, é comum que a falta de açúcar seja reposta com gordura hidrogenada, extremamente tóxica para sua saúde.
    Por isso é sempre importante prestar atenção nas embalagens, na composição, na tabela nutricional exposta no rótulo.
    Mesmo os produtos com baixo teor calórico podem levar ao aumento de peso pois podem possuir outros componentes mascarados, pra garantir o mesmo sabor, e sabotar a sua alimentação.
    Sem contar que a maioria destes alimentos light e diet são extremamente industrializados, tem conservantes, corantes, adoçantes. De maneira alguma podem ser considerados aliados da saúde.

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  6. Apesar de ser um derivado da sacarose, a Sucralose pode ser usada em dietas de restrição de sacarose, por não ter efeito na glicemia dos indivíduos. A respeito da segurança alimentar da sucralose é muito importante alertar para o consumo da sucralose em conjunto com bebidas quentes. No caso da sucralose alguns átomos de oxigênio do açúcar comum são substituídos pelo cloro. Isto lhe confere maior poder adoçante, no entanto, também a reatividade, tornando-a instável em temperaturas mais altas. Vale ressaltar, porém, que quando usada em temperatura ambiente, o adoçante não confere riscos ao organismo. A troca do açúcar pelo adoçante só deve ser feita, naqueles casos onde o paciente deve manter total restrição quanto à ingestão de açúcar, pois apesar de não serem calóricos, estudos mostram que eles podem ser responsáveis pela elevação do peso. Isso acontece porque os adoçantes artificiais estimulam o apetite, aumentam as carências de carboidratos e produzem uma variedade de disfunções metabólicas que promovem o armazenamento de gorduras e aumento de peso. Esses produtos basicamente enganam o cérebro fazendo-o crer que irá receber açúcar, mas como o açúcar nunca chega, então nosso corpo indica que necessita de mais carboidrato, ocasionando o aumento do apetite. Portanto seria mais fácil realizar uma dieta sem nenhum tipo de açúcar ou adoçante ou substituir pelo Stevia ou Xilitol visto que é menos calórico que o próprio açúcar. É considerado um adoçante natural, uma vez que é encontrado em frutas e vegetais além de ser uma excelente saída para quem quer ingerir menos calorias mas não gosta de consumir produtos muito industrializados.

    Bibliografia:
    https://pebmed.com.br/sucralose-em-alimentos-quentes-pode-ser-nociva-saude-aponta-pesquisa/
    https://www.vix.com/pt/bdm/corpo/adocante-pode-te-engordar-e-fazer-acumular-gordura-nutricionista-explica-como
    https://lifestyle.uai.com.br/saude/xilitol-e-melhor-que-stevia-e-sucralose/

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  7. A substituição do açúcar refinado por adoçante é visto pela maioria das pessoas com forma mais saudável e menos nociva a saúde. Essa substituição só é necessária para grupos que possuem restrição de ingestão de carboidratos, exemplo os diabéticos. Para os que não possuem restrição, fazer o uso dede adoçante pela falsa ideia de ser mais saudável, como forma de emagrecimento, pode não ser uma boa estratégia, já que a maioria dos produtos industrializados com sabor adocicado se utilizam de outros componentes, como gordura hidrogenada, para tornar o produto mais agradável ao paladar. Porém a gorduras fornecem ao corpo mais calorias do que carboidratos, o que acaba não contribuindo para o emagrecimento já que não está tendo o déficit calórico esperado. Além disso, os rótulos expressam as calorias em porções, o que pode levar a entender que o produto possui 0 calorias, 0 gorduras e outros componentes, mas a legislação permite omitir caso essa quantidadde for baixa. Essa impressão de estar consumindo algo saudável e sem calorias, leva maior ingestão do produto, só que em porções maiores, os componentes que estão rotulados como 0%, começam apresentar quantidade significativa em uma ingestão diária. Além disso, o uso de adoçante artificial leva aumento do desejo por doces e outros carboidratos, já que nosso organismo registra o sabor doce e espera que entre mais energia sob forma de açúcar, o que pode ser compensado por maioe ingestão de com outros carboidratos, como pães e arroz.

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