Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Sucralose é o adoçante melhor e mais seguro?

Introdução


   Os adoçantes foram desenvolvido com a finalidade de atender um grupo de consumidores que vem crescendo nos últimos anos. Este grupo é composto por consumidores com restrição na ingestão de açucares, portadores da diabetes mellitus. Com o aumento da prevalência deobesidade (fator de risco para diabetes mellitus), estes também foram indicados para atender este grupo. Porém, no cenário atual, a busca pelo “corpo ideal” ocasionou no aumento do consumo deste produtos. Com a intensificação de sua utilização, é necessário a busca de compostos adoçantes cada vez melhores e mais seguro, além de um intensificação na vigilância destes produto. A sucralose, neste cenário, é veiculada pela mídia como sendo o melhor e mais seguro dos adoçantes devido as sua características, como sabor, poder adoçante, entre outros.

   O objetivo deste trabalho é verificar se esta afirmação é verdadeira, comparando as características e informações da literatura sobre ela com outros adoçantes. Os adoçantes selecionado estão no grupo de adoçantes não calórios, assim como a sucralose e são os mais comuns no Brasil. São ele: ciclamato, sacarina, acessulfame k, aspartame e stévia.



Legislação consultada



Portaria n º 38, de 13 de de janeiro 1998

Resolução RDC nº 18, de 24 de março de 2008

Resolução RDC nº 271, de 22 de setembro de 2005

Adoçantes – Ingestão Diária Aceitável fornecida pela ANVISA que adquiriu estas informações da JECFA (Evaluations of the Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives) que faz parte da OMS.


Fundamentos Bromatológicos


   A sucralose é um composto organoclorado produzido à partir da substituição de 3 hidroxilas (OH) por 3 cloros (Cl) na molécula de sacarose. Esta molécula apresenta um poder adoçante de 600 vezes em comparação a sacarose, apresenta um IDA (ingestão diária aceitável) de 15 mg/Kg de peso corporal e não é calórico. Seu sabor é semelhante ao da sacarose e não é absorvida pelo organismo por apresentar 3 cloros em sua estrutura, não sofrendo ação da sacarase o que provoca sua eliminação diretamente pelas fezes.






















Figura 1 : estrutura química da sucralose.


   Os demais adoçantes apresentados neste trabalho são absorvidos pelo organismo e eliminados de forma inalterada pela urina, exceto pela stévia e o aspartame. O metabólitos produzidos são: ácido aspártico, metanol e fenilalanina (aspartame); esteviol que é um metabolito do esteviosídio. As características deste adoçantes serão mostradas na tabela a seguir:


Tabela 1: características dos adoçantes


Poder adoçante (em relação à sacarose) Sabor Caloria (kcal/g) IDA (mg/Kg de peso corporal)
Aspartame 200 vezes maior Sabor semelhante ao açucar. 4 40
Acessulfame K 200 vezes maior Sem sabor residual e sabor de fácil percepção. 0 9 - 15
Sacarina 300 vezes maior Gosto residual doce metálico. 0 5
Ciclamato 40 vezes maior Sabor residual acre-doce ou doce-azedo. 0 11
Stévia 300 vezes maior Sabor residual semelhante ao alcaçuz. 0 5,5



Discussão


   Com as informações obtidas na literatura, observou – se um controversia quanto aos adoçantes ciclamato, sacarina, acessulfame K e aspartame. Alguns autores verificaram em seus estudo um potencial carcinogênico por parte destes compostos, mas, em outros estudos, não foi observado este efeito. Então a estes adoçantes, apresentam um suspeita de carcinogenicidade, devendo ser melhor estudados. Quanto à stévia, estudos mostraram que o esteviol parece agir como um disruptor endócrino na atividade da progesterona.
  
   Em relação a sucralose, um estudo mostrou que ela apresentou uma instabilidade em sua estrutura à temperaturas de 98oC, degradando – se em HPAC (hidrocarbonetos policíclicos aromáticos clorados) que apresentam potencial carcinogênico. Este resultado parece ser plausível, pois a sacarose sob alta temperaturas sofre o processo de caramelização, produzindo 5-HMF (5-hidroxi-metil-furfural) como um de seus produtos. Porém, por falta de estudos, não é possível comprovar este efeito, sendo necessário maiores estudos. Mas, caso esta suspeita seja comprovada, a utilização deste adoçante deverá ser revista e uma legislação específica deverá ser criada para que esteja descrito no rótulo do produto que não deve ser utilizado em alimentos quentes (à uma temperatura próxima ou acima de 98oC) e adicionada durante os processos de cocção dos alimentos.

   Quanto ao sabor, sucralose, o acessulfame K e o aspartame são os únicos que não apresentam sabor residual, sendo uma característica importante para a aceitação do consumidor. E a sucralose e o aspartame se destacam por apresentar um sabor bem semelhante há sacarose.

   Em relação poder adoçante, a sucralose se destaca em relação ao demais por ser o dobro (sacarina e stévia) ou maior (demais adoçantes) a relação aos outro adoçantes. Este fato representa um ganho importante na segurança, pois quanto maior o poder adoçante do composto, menor será a quantidade deste utilizado para adoçar o alimento, diminuindo a exposição do consumidor há estas substências.

   Um outro fator importante a se destacar, é que a sucralose não é absorvida pelo organismo representando um ganho na segurança de seu uso muito importante em relação aos outro adoçantes apresentados que são absorvidos, pois ela não irá causar nenhum possível efeito ao consumidor.


Conclusão

   Em relação as informações da litaratura, são necessárias mais pesquisas estes adoçantes para o esclarecimento de seus efeitos no organismo humano.

   Quanto as características dos adoçantes, a sucralose parece ser o melhor adoçante até o momento. Além das pesquisas dos já existentes, o desenvolvimento de novos adoçantes que sejam mais eficientes e seguros também deve ser uma meta importante para melhor atender as necessidades do consumidor.


Referências bibliográficas



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- ANVISA; Resolução RDC nº 271, de 22 de setembro de 2005; Disponível em:
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Daniel Figueiredo Vanzan
DRE: 108047798

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