Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

“Oyska Solar, a bebida inteligente que favorece seu bronzeado”. A marca pode atribuir a propriedade de favorecer o bronzeamento sem apresentar a quantidade de betacaroteno que está presente no produto?
 
Oyska Solar é uma bebida refrescante que deixa sua pele hidratada e nutrida para um bronzeado mais bonito e duradouro. Os antioxidantes presentes em sua fórmula previnem o estresse oxidativo da pele e a fortalece para enfrentar os efeitos nocivos dos raios solares. Com ajuda de betacaroteno, sais minerais, aminoácidos e vitaminas, Oyska Solar otimiza as condições fisiológicas da pele, preparando-a para um bronzeado mais bonito, homogêneo e duradouro (1). 

Fundamentos Bromatológicos
Os carotenoides são conhecidos por se acumularem na pele humana e seus níveis refletem sua ingestão dietética, bem como a biodisponibilidade da fonte alimentar (2). O betacaroteno, uma provitamina A, acumula-se na pele proporcionando uma cor amarelo-dourada e desempenha papel na fotoproteção contra a radiação ultravioleta (3). Sua molécula lipofílica apresenta no esqueleto carotenoide um sistema estendido de ligações duplas conjugadas, responsável pela cor e propriedades antioxidantes (4). Devido a sua lipossolubilidade, é recomendado que o consumo de betacaroteno seja associado à ingestão de gorduras, o que aumenta sua biodisponibilidade, uma vez que necessitam de uma fonte lipídica para serem veiculados e, posteriormente, absorvidos pelo organismo (4).

Legislação
Alimentos funcionais são aqueles que, quando consumidos regularmente, produzem um determinado efeito benéfico à saúde, efeito este superior ao fornecido por suas propriedades nutricionais (5). No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) classifica estes produtos como alimentos funcionais, com propriedade funcional e reivindicações de saúde (6). Uma vez classificados como alimentos funcionais, eles ficam sujeitos a regras específicas de rotulagem, para alegação de qualquer benefício à saúde, e inseridos na categoria de alimentos e embalagens com registro obrigatório (7, 8).
A ingestão de betacaroteno recomendada para adultos é de, aproximadamente, 3,6 mg/dia - valor calculado com base no valor de Ingestão Diária Recomendada para vitamina A (9).

Discussão
Dentre os ingredientes da formulação, o fabricante destaca o betacaroteno como um pigmento natural que favorece e prolonga o bronzeado. Entretanto, a tabela de informação nutricional presente na embalagem não traz informação referente a quantidade de betacaroteno, estando o produto em desacordo com a exigência da ANVISA sobre rotulagem de alimentos. Diante disto, o produto Oyska Solar não pode atribuir o efeito de promover o bronzeado já que não apresenta em seu rótulo qual a quantidade de betacaroteno presente na fórmula.



Referências bibliográficas:

1. <http://oyska.com/>. Acesso em: 10 dez. 2016.

2. SCARMO, S.; CARTMEL, B.; LIN, H. et al. Significant correlations of dermal total carotenoids and dermal lycopene with their respective plasma levels in healthy adults. Arch Biochem Biophys 2010; 504(1): 34–9.


3. ANUNCIATO, T. P.; FILHO, P. A. R. Carotenoids and polyphenols in nutricosmetics, nutraceuticals, and cosmeceuticals. J Cosmet Dermatol. 2010;11(1):51–4.


4. YONEKURA, L.; NAGAO, A. Intestinal absorption of dietary carotenoids. Mol Nutr Food Res. 2007;51(1):107-15.

5. BERNAL, J.; MENDIOLA, J.A.; IBAÑEZ, E.; CIFUENTES, A. Advanced analysis of nutraceuticals. J Pharm Biomed Anal. 2011;55(4): 758–74.

6. PEIXOTO, F. M.; BORGUINI, R. G.; MACHADO, A. M. R.; GÔUVEA, A. C. M. S.; PACHECO, S.; GODOY, R.L.O. Teor de carotenoides em nutricosméticos: análise da adequação e qualidade do produto. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, 2013; 72(3):249-54.

7. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RES nº 18, de 30 de abril de 1999. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 03 mai. 1999. Seção 1, nº398. p.11.

8. BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RES nº 19, de 30 de abril de 1999. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 03 mai. 1999. Seção 1, nº399. p.12.

9. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.  Resolução RDC Nº. 269, de 22 de setembro de 2005.

 

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