Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Adoçante: A grande Solução ou o grande Vilão?


O consumo de adoçante é responsável estimular a perda de peso ou a obesidade? 

 Descrição do Produto

 O adoçante Finn chegou ao mercado com a finalidade de substituir o açúcar para as pessoas cujo intuito era a diminuição da ingestão de calorias, principalmente aos diabéticos por não causar alteração nas taxas de glicemia. Com isso, o adoçante Finn além de ser menos calórico mantém o sabor doce nos alimentos, e para isso apresenta em sua composição diferentes substâncias adoçantes como, por exemplo, a Sucralose e o Aspartame.  A Sucralose é derivada da cana-de-açúcar e apresenta um sabor mais aproximado ao do açúcar e o aspartame é a substância mais utilizada em produtos light e diet industrializados. A sucralose não é metabolizada pelo organismo não sofrendo alteração química, já o aspartame é transformado em aminoácidos e absorvido pelo organismo, sendo um indício de que deveriam ser observadas as implicações dessas substâncias em longo prazo ao organismo.


Fundamentos Bromatológicos

Tendo em vista que o aspartame é considerado um adoçante artificial e a sucralose considerada um adoçante natural,  ambos não geram aumento da taxa de glicemia no organismo e, assim, seus benefícios à saúde aparentam  ser evidentes.


Pode-se observar no próprio rótulo o baixo valor energético do produto, demonstrando ser a solução tanto para diabéticos quanto para a população em questão que busca uma redução de ingestão calórica para diminuição de medidas e na busca da saúde física.


Portanto, de acordo com o rótulo podemos observar que em 800mg o produto apresenta 3kcal  e 0,8g corresponde a carboidratos, confirmando que todo conteúdo de cada envelope é apenas composto da substância adoçante, seja o aspartame (artificial) ou a sucralose (natural).

Apesar de apesentar valor calórico, a diferença em relação ao açúcar é a quantidade a ser utilizada. Pelo fato da substância adoçante ser muito mais doce, a quantidade necessária para que seja adquirido o sabor doce é muito menor quando comparada ao açúcar.

O Aspartame é 200 vezes mais doce do que o açúcar,  mas como são utilizadas doses tão pequenas, suas calorias acabam sendo efetivamente zero.  É composto de 2 aminoácidos e é metabolizado pelo organismo em seus aminoácidos constituintes (fenilalanina e aspartato). Assim, tecnicamente,  contém calorias.

Já a Sucralose é quimicamente modificada com o acréscimo de átomos de cloro, dando origem a um composto 600 vezes mais doce do que o açúcar, porém não pode ser metabolizado pelo organismo.

Legislação

De acordo com a Organização Mundial da Saúde há uma recomendação máxima diária do consumo de adoçantes. No caso do Aspartame, o consumo diário máximo para uma pessoa com 80kg seria de 3.200mg , enquanto que o consumo diário máximo de sucralose seria de 1.200mg. 


De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 18 de 24/03/2008, a utilização de aspartame em substituição total de açúcar deve apresentar um limite máximo de 0,075g/100g ou 0,075g/100mL, enquanto a utilização de sucralose apresenta um limite máximo de 0,025 g/100g ou 0,025g/100ml.

O rótulo deve conter uma recomendação da quantidade máxima de envelopes ou gotas de adoçante que podem ser consumidos diariamente de forma clara e específica, seguindo as instruções da ANVISA e OMS.

Discussão

A utilização do adoçante em detrimento do açúcar tradicional inicialmente se mostra extremamente benéfico pela sua alta capacidade de adoçar os alimentos em pequeníssimas quantidades. O adoçante Finn ao chegar ao mercado foi apresentado como a grande solução aos diabéticos e atingiu principalmente o público que buscava uma redução calórica em sua dieta.

No entanto, no decorrer dos anos,  muitos estudos elaborados por grandes laboratórios de pesquisa mostraram que os benefícios do adoçante talvez não fossem tão maiores quando comparados aos seus efeitos negativos. 


Como podemos observar nos artigos publicados, a utilização de adoçantes são responsáveis por ocasionar uma alteração na microbiota intestinal e isso seria responsável pela indução ao desenvolvimento de doenças metabólicas, como a obesidade e a diabetes.

Por conseguinte, podemos verificar que na verdade ao contrário de uma grande solução, o adoçante possivelmente está se mostrando ser um grande vilão, e muito provavelmente, um dos responsáveis pelo aumento incessante do contingente populacional de diabéticos e obesos, como se observa nos dias atuais.

Conclusão

Faz-se necessário uma maior gama de estudos comprobatórios sobre a ligação entre o consumo de adoçantes na dieta diária com o aumento do número de pessoas desenvolvendo síndromes metabólicas nos dias atuais. Dessa forma, seria necessário que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) fizesse um alerta com relação ao consumo excessivo do mesmo e pusesse claramente no rótulo a quantidade máxima a ser consumida, em prol da preservação da saúde da população em um todo até que seja confirmada essa correlação.


Bibliografia

BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 18 de 24/03/2008. Dispõe sobre o "Regulamento Técnico que autoriza o uso de aditivos edulcorantes em alimentos, com seus respectivos limites máximos". Órgão emissor: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível em : < http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_18_2008_COMP.pdf/2e33a54e-f7b8-4d1d-b496-21b5a3c67fb7> Acesso em: 05 de Janeiro de 2017.

BRASIL. Oganização Mundial da Saúde – OMS. Disponível em: < http://www.who.int/eportuguese/countries/bra/pt/>  Acesso em: 05 de Janeiro de 2017.

Rodrigo R. Resende et al. ADOÇANTES ARTIFICIAIS PODEM CAUSAR DIABETES E OBESIDADE. Edição Vol. 2, N. 1, 01 de Outubro de 2014.

Zanini, Roberta  et al. Utilização de adoçantes dietéticos entre adultos em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil: um estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(5):924-934, mai, 2011.

Disponível em:  < https://www.finn.com.br/rotulagem.php> Acesso em: 05 de Janeiro de 2017.

Disponível em:  < http://www.lowcarb-paleo.com.br/2013/02/adocantes-e-rotulos.html> Acesso em: 05 de Janeiro de 2017 






Um comentário:

  1. Os adoçantes são substâncias de valor energético muito baixo que proporcionam a um alimento o gosto doce. Além da sacarose ( açúcar natural mais difundido mundialmente ), são muito utilizados a sacarina, ciclamato, taumatina que são moleculas bastantes distintas dos glicídios naturais. Entretanto, diversos estudos vem sugerindo que o uso indiscriminado de adoçante pode contribuir para o desenvolvimento da obesidade devido à alteração na microbiota , levando a um aumento do açúcar no sangue. Estudos observacionais têm mostrado que o consumo frequente e regular de refrigerantes que contêm adoçantes resulta em maior ganho de peso, maior adiposidade abdominal e, principalmente, não reduz o risco de desenvolver diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. É necessário que a ANVISA e Ministério da saúde faça um alerta a população e devemos sempre levar em consideração o benefício e a segurança. Se for consumir os adoçantes, procure desafiar o seu paladar por doce, oferecendo sempre (ou pelo menos às vezes) menores quantidades de adoçantes.

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