Apresentação

Espaço para a apresentação e análise de estudos e pesquisas de alunos da UFRJ, resultantes da adoção do Método de Educação Tutorial, com o objetivo de difundir informações e orientações sobre Química, Toxicologia e Tecnologia de Alimentos.

O Blog também é parte das atividades do LabConsS - Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde, criado e operado pelo Grupo PET-SESu/Farmácia & Saúde Pública da UFRJ.Nesse contexto, quando se fala em Química e Tecnologia de Alimentos, se privilegia um olhar "Farmacêutico", um olhar "Sanitário", um olhar socialmente orientado e oriundo do universo do "Consumerismo e Saúde", em vez de apenas um reducionista Olhar Tecnológico.

sábado, 20 de outubro de 2012

Agua Vittel fonte de calcio? (source de calcium)


Na França há um grande fabricante de água mineral (Vittel), que anuncia em seu rotulo que o seu produto é fonte de Cálcio. Será  mesmo ? Será  que esta água mineral realmente apresenta uma grande vantagem por ser fonte de cálcio ?


Na França, toda a água que sai das torneiras é potável, objeto de confiança dos Franceses, já que ela passa por mais de 50 testes sendo um dos alimentos mais analisados da França.

Graças ao solo da França que é bruto e calcário, bom para o plantio de vinhas, a água torna-se dura. Uma água dura é aquela que possui  entre 200 e 350 ppm de  CaCO. Por exemplo, na região de Ile de France, região onde fica Paris, a concentração média de carbonato de cálcio na agua é de 700 ppm, sendo então classificada como uma água muito dura. Para se ter uma idéia, no Brasil, a portaria do Ministério da Saúde N.º 2.914 de 14 de dezembro de 2011, estabelece o limite máximo de 500mgCaCO3/l (890) ppm para que a água seja admitida como potável e a água do Rio de Janeiro é considerada uma água mole.

Mas porque existe um limite para a dureza da água ? O Carbonato de cálcio em altas quantidades pode afetar a pressão arterial, pois o cálcio aumenta a condução dos estímulos nervosos levando ao aumento a contração cardíaca e  vaso ativação. Além correr o risco de precipitar e causar pedras nos rins, diarreia e aumento do risco de câncer de intestino.

O Fabricante da água mineral Vittel, vende sua água, e cobra mais caro por isso afirmando que o seu produto é fonte de Cálcio. Todavia, o cálcio encontrado nela é mesmo cálcio que é encontrado no solo, ou seja o carbonato de cálcio, que é pobremente absorvido pelo homem. Então água vittel é mais cara por trazer a vantagem de ser ‘’fonte de calcio’’ que na realidade não é vantagem alguma já que possui a mesma quantidade deste mineral que a água da torneira. Ademais, ela não é realmente uma fonte bem aproveitável de cálcio, já que o cálcio mineral possui baixa absorção. Além disso, o alto consumo de cálcio pode levar  aos problemas acima citados.

Então quer dizer que o que a Vittel escreve em seu rotulo é mentira ? Não necessariamente, o problema é ela anunciar o cálcio como sendo uma vantagem especifica deste fabricante. O que deveria acontecer  é algo como ocorre com os leites desnatados no Brasil. Se um fabricante de leite desnatado quiser dizer que o seu leite é light ou zero, ele deve adicionar ‘’como todo leite desnatado’’, então o consumidor sabe que esta não é uma vantagem deste fabricante, mas sim de todos os produtos desta categoria. Sendo assim a vittel poderia escrever em seu rotulo ‘’fonte de calcio, como toda agua mineral de fonte subterrânea da França’’, e eles poderiam ainda adicionar os riscos do consumo exagerado de calcio.







preço da vittel na prateleira

preço de outras aguas


http://www.agro-systemes.com/analyses-sol-4.php?numrub=7&numcat=6&numscat=16&lg=fr

4 comentários:

  1. Caso similar transcorre no Brasil. Olhemos a reportagem sobre Minalba com menos sódio que reduziria sensação de "inchação", da Folha de SP, de 19/outubro/2012:

    Danone e Minalba discutem os 'poderes' de água 'terapêutica'

    Uma discussão sobre as propriedades terapêuticas da água levou ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) duas das maiores fabricantes de água do país.
    No fim de setembro, a francesa Danone, dona da marca Bonafont, entrou com uma representação no órgão contra a Minalba, do grupo cearense Edson Queiroz, líder desse mercado no país.
    A Danone pediu a suspensão de uma campanha lançada recentemente pela concorrente que enaltecia o baixo teor de sódio de sua água.
    A publicidade, veiculada em revistas, internet e material de ponto de venda, dizia que, "reduzindo o sódio, você tira o inchaço e a retenção de líquido".
    Segundo a Danone, o material induzia o consumidor ao erro e configurava "propaganda enganosa".
    Na representação, a Danone cita parecer de nutricionistas para rebater a propaganda da rival. "O consumo de uma determinada água não tira o inchaço, não tira a retenção de líquido e não emagrece", diz o parecer.
    CONTRADIÇÃO
    Em sua defesa, a Minalba alega que as informações sobre o produto são verídicas e que há contradição nos argumentos da multinacional.
    A empresa cita propaganda da Danone de 2008 que concluiria que "o consumo diário de 2 litros de água Bonafont, com baixo teor de sódio, durante 15 dias, seria capaz de diminuir o inchaço".
    "Achamos estranho a Danone, que começou com o movimento de qualificar a água, fazer isso agora", diz Rogério Tavares, gerente comercial da Minalba.
    Apesar da contestação, o pedido da Danone foi acatado pelo órgão em caráter liminar na semana passada.
    A empresa francesa estreou nessa categoria em 2008 e tem a liderança de mercado em São Paulo.
    Sua marca foi a primeira a ressaltar as propriedades químicas do produto -como o sódio reduzido.
    A empresa informou que "ressalta os benefícios e a importância da ingestão de quantidades adequadas de água e posiciona a marca Bonafont como uma opção".
    A Minalba disse que está reformulando a campanha para atender ao Conar, mas que aguarda o julgamento sobre o mérito da questão.


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  2. Pois é, infelizmente todos temos certeza que a denuncia da danone nao foi movida por preocupaçao com a saude do consumidor e sim com a provavel perda de fatia no setor, ja que ela mesma ja havia feito uma propaganda similar.
    E ademais até hoje ninguem conseguiu provar que a ingestao 2l de agua por dia (seja ela qual for), traga algum beneficio para a saude, ou qual seria ele.
    A questao fica ainda mais grave quando o consumidor é indusido a consumir o produto porque ele acredita que ele possui uma propriedade terapeutica (no caso, diminuir o inchaço). Ja que é possivel que ele pare de tomar o medicamento a ele prescrito com este fim (um diurético, por exemplo) para tomar a agua, por ele crer que seja uma alternativa mais "saudavel".

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  3. Um dos motivos que pode levar o consumidor a parar de tomar o seu medicamento e optar pela agua, é a crença, que ja é profundamente irraizada na populaçao, de que eu uma coisa é natural ela nao fara mal algum e de demonificaçao dos produtos industrializados. Outro motivo pode ser o preço.

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  4. A conclusão do trabalho apresentado, realmente nos leva a uma reflexão importante quanto à rotulagem do produto alimentício em questão, produto de grande consumo e consumo obrigatório. Porém, analisando melhor o texto, uma afirmação feita em seu interior também deve ser observada e trazida à discussão de forma mais crítica: quando a autora afirma que o teor de cálcio pode estar relacionado com incidência de litíase renal, as famosas pedras nos rins, reafirma uma ideia do imaginário popular de que a ingestão de minerais, principalmente os divalentes (representativos na dureza da água), está diretamente relacionada com uma possível precipitação e formação das pedras renais.
    É importantes olharmos mais criticamente para essa afirmação. Pesquisando a informação publicada cientificamente sobre o assunto, é possível encontrar a revisão de Agreste, Schor e Heilberg (2001), que tenta organizar as publicações existentes na época e não consegue fechar uma conclusão sobre o efeito da existência de cálcio na água ingerida e a litíase renal. Estudos confusos e diversos comprovam que baixas concentrações de cálcio em águas minerais estão relacionadas ao aparecimento de cálculos renais. Por outro lado há estudos que comprovam a crença popular de que baixas concentrações de cálcio na água mineral ingerida, previnem o aparecimento de cálculo renal. Será um problema de método científico? Será que apenas estamos tentando achar um vilão na alimentação que não influencia em nada no aparecimento da doença? Apenas uma contribuição para que não fiquemos presos nem a crença popular, nem um achismo científico que muitas vezes tenta relacionar eventos independentes apenas para balizar publicações e possíveis bônus para nossos grandes professores/ Pesquisadores.

    Segue o link do estudo citado: http://128.241.200.137/23-1/v23e1p045.pdf

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